BEATA JOSEFA HENDRINA STENMANNS
Hendrina Stenmanns nasceu no dia 28 de maio de 1852,
no Baixo Reno, na vila de Issum, Diocese de Münster, na Alemanha. Dos 6 aos 14
anos, frequentou a escola mas, antes de terminar o último ano, teve de deixá-la
para ajudar a cuidar da casa e dos irmãos mais pequenos. A sua generosa
dedicação ao trabalho não a impediu de buscar a Deus e de praticar das virtudes
cristãs. Visitava os doentes e, como a sua amabilidade e delicadeza eram
grandes, todos os doentes queriam tê-la perto. Graças a uma tia religiosa, Hendrina, desde pequena, sentiu-se, também,
chamada a tornar-se freira, mas uma “freira franciscana”.
Aos 19 anos, tornou-se membro da Terceira Ordem de São
Francisco, em Sonsbeck. Hendrina queria ser religiosa mas, naquela altura esse
desejo era de difícil concretização: inúmeros conventos estavam a ser fechados,
devido aos constantes incidentes políticos da "Kulturkampf".
Em 1878, faleceu a sua mãe. Então, Hendrina prometeu
ficar com o pai, para cuidar dos seus irmãos. Tinha então 26 anos e o seu irmão
mais novo tinha apenas 8 anos. Diante da impossibilidade de realizar a sua
vocação, entregou-se nas mãos da Divina Providência. Não se lhe notou, nunca, uma
única palavra de queixa ou lamentação.
Hendrina tinha os pés bem assentes no chão e, tudo o
que fazia, fazia-o o amor de um coração firmemente ancorado em Deus. Ele era o
sustento da sua vida. Na Missa e na comunhão experimentava a confirmação desta
presença.
Anos mais tarde, conheceu a obra missionária de Steyl:
a Congregação dos Verbitas, fundada na Holanda pelo Padre Arnoldo Janssen. Após
fundar a congregação masculina de missionários, o Padre Janssen pensava fundar
uma congregação feminina. Hendrina conheceu duas jovens que trabalhavam como
empregadas, no Seminário do Padre Janssen, na esperança de que um dia fosse
fundada a congregação. Hendrina sentiu que era lá seu lugar.
O pároco de Issum, o Padre Veels, conhecia muito bem
Hendrina. Então, em Janeiro de 1884, escreveu ao Padre Janssen falando-lhe de
Hendrina e apresentando-lhe “as melhores recomendações em todos os sentidos.
Ela sempre teve o desejo de entrar na vida religiosa; durante muitos anos,
confessava-se semanalmente e, apesar de morar a mais de 15 minutos de caminhada
da igreja e ter de cuidar da casa, assistia diariamente à Santa Missa”. Não era
comum uma jovem com a carga de trabalho de Hendrina levar uma vida espiritual
tão intensa.
O Padre Janssen aceitou o pedido de Hendrina e, quando
a sua irmã mais nova se tornou capaz de assumir as responsabilidades familiares
que estavam a seu cargo, partiu para Steyl.
Na cozinha do Seminário, Hendrina rezou, sofreu e
esperou durante cinco anos: longos anos, também para ela, embora já estivesse habituada
a ter paciência e a esperar.
Para o pequeno grupo em Steyl, célula germinativa da
futura Congregação, a Eucaristia era fonte de força no trabalho diário e pesado,
na cozinha. Poderíamos dizer que as empregadas viviam um “círculo Eucarístico”:
Missa de manhã, onde frequentemente recebiam a Sagada Comunhão; meia hora de
oração, ao meio dia; Bênção do Santíssimo Sacramento, à tarde. A antecipação
destes ‘auxílios espirituais’ diários permeava e animava a sua vida quotidiana.
O dia 8 de Dezembro de 1889 é considerado o "Dia
da Fundação" da Congregação das Irmãs Missionárias Servas do Espírito
Santo. Hendrina e mais cinco raparigas - entre elas Helena Stollenwerk - foram
recebidas como postulantes.
Em Agosto de 1891, o Padre Arnoldo Janssen nomeou
Helena Stollenwerk como superiora da comunidade e Hendrina como sua assistente.
No dia 17 de Janeiro de 1892, Hendrina recebeu o hábito religioso e o nome de
Irmã Josefa. No dia 12 de Março de 1894, com onze companheiras, pôde,
finalmente, emitir os primeiros votos religiosos.
“Vivíamos hora
a hora, dia a dia, e deixávamos o futuro a Deus”, repetia, incansavelmente,
enquanto dizia de si mesma “O meu coração está pronto” e rezava, em cada acção,
o “Veni, Sancte Spíritus”(Vinde, Espírito Santo)
Para a Irmã Josefa a vida religiosa significava
pertencer inteiramente a Deus. Com o aumento do número de Irmãs, o trabalho
aumentava, continuamente. Mesmo assim, ela não se perdia nas inúmeras tarefas e
tinha sempre uma palavra bondosa para todos. Trabalho e oração eram igualmente
serviço a Deus. A Congregação estava pujante de vida e tornou-se necessário construir
um novo convento para acolher o número crescente de Irmãs.
Quando a Irmã Maria Helena Stollenwerk foi transferida
para as “adoradoras perpétuas” (outra congregação fundada pelo Padre Janssen), a
Irmã Josefa tornou-se superiora das Servas do Espírito Santo. Mais do que um
cargo, foi um serviço que ela exerceu com paciência e amor mas, infelizmente,
por pouco tempo. A Irmã Josefa sofria de várias enfermidades - entre elas a da
asma - que fragilizaram, com muita rapidez, a sua já débil saúde. Nas suas
dores, teve de exercitar, ainda mais, a sua paciência. A doença tolheu as suas
forças e levou-a para o leito, no meio de intensos sofrimentos.
A Irmã Josefa Hendrina Stenmanns faleceu no dia 20 de
Maio de 1903, com 50 anos. Foi sepultada ao lado da outra co-fundadora, a Madre
Maria Stollenwerk.
No dia 29 de Junho de 2008, a Madre Josefa Hendrina Stenmanns
foi beatificada pelo Papa Bento XVI, juntando-se, na glória dos altares, aos
seus companheiros e amigos: o Padre Arnoldo Janssen, canonizado em 2003, e a Madre
Maria Helena Stollenwerk, beatificada em 1995.
A celebração realizou-se em Steyl-Tegelen, na Holanda,
tendo presidido, em nome do Papa, o Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da
Congregação para as Causas dos Santos. No fim da celebração da beatificação, o
Cardeal disse: “… a Beata Josefa Hendrina, dócil à acção do Espírito Santo,
distinguiu-se, em toda a sua vida, pela sua pureza de intenções e pela
simplicidade de espírito, mediante um contínuo abandono amoroso à vontade do
Senhor, com uma correspondência total e generosa às graças e inspirações de
Deus.
Profundamente devota, mas sem ostentação, Josefa
Hendrina Stenmanns foi uma mulher de admirável equilíbrio humano e
sobrenatural: à fortaleza de carácter uniu sempre a amabilidade materna; ao
sentido prático da acção uniu, constantemente, o exercício da caridade,
sobretudo para com os pobres, os idosos e os enfermos. E tudo isto sem chamar a
atenção.
Já antes de abraçar a vida religiosa, era modelo de
maturidade cristã; poderíamos dizer, de santidade laical. Os compromissos que
assumiu com a sua profissão na Ordem franciscana secular deram à sua vida um
autêntico sentido de consagração, no meio das realidades familiares e sociais.
O convívio com o Santo fundador Arnold Janssen marcou profundamente a sua actividade
espiritual e missionária. De facto, a vocação missionária foi o fulcro de toda
a sua existência: «Orar e trabalhar no apostolado missionário, para que o
Evangelho seja conhecido por todos».
Com esse objectivo, ofereceu-se em sacrifício pela
Obra da propagação da fé. Por isso, a sua vida terrena esteve impregnada de um
anseio constante de perfeição, que se desenvolveu no impulso apostólico em
favor da difusão do Evangelho e da propagação do Reino de Deus entre os
homens…”
A memória litúrgica da Beata Josefa Hendrina Stenmanns
celebra-se no dia 20 de Maio.