SANTA ROSA VENERINI
Rosa nasceu em Viterbo, em Itália, no ano de 1656, de
uma família muito religiosa e recebeu dos seus pais uma boa formação cristã e
uma boa educação.
Desde criança, sonhava fez-se monja mas, durante a sua
juventude, ficou profundamente impressionada com a pobreza e a ignorância das
jovens do povo e, assim, começou a pensar que talvez fosse melhor realizar algo
em prol delas, do que viver num convento.
Dotada de grande inteligência e sensibilidade, Rosa começou
a discernir as escolhas possíveis para a mulher do seu tempo: ou matrimónio ou
a clausura. Contudo, ela privilegiava as escolhas corajosas, para além dos
modelos tradicionais e, no mais fundo do seu coração, começou a idealizar
alternativas que fossem vantajosas para a sociedade e para a Igreja. Porém, não
foi fácil o discernimento, porque não conseguia identificar um caminho de
verdadeira realização pessoal e espiritual, ao serviço da Igreja. Empregou
muito tempo, no sofrimento e na busca, impelida por exigências interiores
proféticas, antes de chegar a uma solução totalmente inovadora, alimentando a
sua piedade enérgica e essencial na espiritualidade fervorosa de São Domingos,
e na espiritualidade austera e equilibrada de Santo Inácio de Loyola.
No Outono de 1676, entrou, como externa, no Mosteiro
Dominicano de Santa Catarina, para conhecer a vida monástica. Em virtude de
tristes acontecimentos na família, ocorridos entre 1677 e 1680, teve que
regressar a casa.
Tendo ficado sozinha em casa com o seu irmão Horácio,
começou a convidar, para a sua casa, as jovens e as mulheres da vizinhança,
para rezarem juntas o Rosário, dando-se logo conta de que nenhuma delas o sabia
rezar.
Começou, então, a dirigir-lhes algumas perguntas do
catecismo e todas elas ficaram emudecidas de surpresa. Rosa compreendeu que a
mulher do seu tempo era escrava da ignorância e da pobreza, destinada aos
trabalhos mais pesados e que ninguém se preocupava com o seu bem-estar. Então, Rosa
Venerini, uma mulher decidida e cheia de boa vontade, não perdeu tempo. Rezou
muito para compreender a vontade de Deus e, com duas amigas, decidiu abrir uma
escola para as crianças pobres. Em 30 de Agosto de 1685, com a aprovação do
Bispo de Viterbo, Card. Urbano Sacchetti, começou a funcionar a escola, sendo coadjuvada
por duas Mestras que tinham sido preparadas anteriormente. Nascia, assim, a
Escola das Mestras Pias Venerini, a primeira escola feminina pública da Itália.
As origens eram humildes mas de alcance revolucionário, pela elevação
espiritual e a sadia emancipação da mulher.
Todos os dias, pelas ruelas de Viterbo, andava uma
criança tocando um sino e chamando todas as jovens e crianças da cidade. As
lições começavam com a oração, seguida da catequese, dos trabalhos manuais
femininos e das lições para aprenderem a ler e a escrever bem.
Em pouco tempo, a escola de Rosa mudou de fisionomia e
ela recebeu pedidos para fundar outras escolas, pedidos estes formulados por
bispos e cardeais.
Rosa Venerini, numa incessante actividade, fundou
Escolas em aldeias e cidades de várias dioceses da Itália Central. As
professoras não eram religiosas, mas viviam como tais, sendo assim chamadas
Mestras Pias e, em Roma, eram até denominadas Mestras Santas.
No ano de 1713, Rosa abriu uma escola em Roma, e o
Papa Clemente XI fez-lhe a honra de uma visita. O Papa ficou uma manhã inteira
na escola, juntamente com oito cardeais, ouvindo a lição de catecismo e
interrogando as alunas. No final, chamou Rosa e as suas companheiras,
agradeceu-lhes o precioso trabalho, conferiu-lhes uma medalha de prata e
disse-lhes: «Desejo que estas escolas se propaguem em todas as nossas cidades».
Em pouco tempo, abriram-se escolas em todas as regiões.
Rosa sabia que a mulher é portadora de um projecto de
amor mas, se o seu coração é escravo do medo, da ignorância e do pecado, este
projecto nunca se pode tornar visível. É por isso que o seu carisma, hoje em
dia, é enunciado com os seguintes termos: educar para libertar.
Em 1714, Rosa escreveu e publicou um livro intitulado “Relazione
degli Esercizi que si pratticano in Viterbo nelle Scuole destinate per istruire
le Fanciulle nella Dottrina Cristiana” ( Relação dos Exercícios que se praticam
em Viterbo, nas Escolas destinadas a instruir as Crianças na Doutrina Cristã)
com a finalidade de obter, das Autoridades Eclesiásticas, a aprovação do seu
método educativo.
Rosa Venerini morreu em Roma, no dia 7 de Maio de
1728, com grande fama de santidade. Fundou cinquenta Escolas que transmitiram
nos séculos o seu carisma educativo e apostólico.
No dia 15 de Outubro de 2006, Sua Santidade, o Papa
Bento XVI, proclamou-a Santa. O milagre que a levou aos altares teve lugar em
Ebolowa, nos Camarões: Serge, uma criança da leprosaria de ‘Ngalan, foi curada
milagrosamente por intercessão de Santa Rosa, a Santa que sempre amou os pequeninos,
dedicando-lhes a sua vida e continuando a protegê-los.
Na homilia da Missa da canonização, o Papa disse: “…Santa
Rosa Venerini é outro exemplo de discípula fiel de Cristo, pronta a abandonar
tudo para cumprir a vontade de Deus. Gostava de repetir: "estou presa a
tal ponto na vontade divina, que não me importa nem morte, nem vida: desejo
viver o que Ele quer, e desejo servi-lo em tudo o que lhe apraz, e nada
mais" (Biografia Andreucci, p. 515). Deste seu abandono a Deus brotava a
actividade clarividente que desempenhava com coragem a favor da elevação
espiritual e da autêntica emancipação das jovens mulheres do seu tempo. Santa
Rosa não se contentava em dar às jovens uma adequada instrução, mas
preocupava-se em lhes garantir uma formação completa, com sólidas referências
ao ensinamento doutrinal da Igreja. O seu mesmo estilo apostólico continua a
caracterizar, ainda hoje, a vida da Congregação das Mestras Pias Venerini, por
ela fundada. E como é actual e importante, também para a sociedade de hoje, o
serviço que elas desempenham no campo da escola e sobretudo da formação da
mulher!...”
A sua memória litúrgica celebra-se no dia 7 de Maio.